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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Minha Tia, Nossa Bininha

Hoje fez quatro dias que a Bina morreu. A morte é tão estranha...
Ela se foi. Mas isso não significa que ela não está mais em nós. Não só lembramos dela todas as vezes que tomamos um cafezinho ou vemos uma decoração de natal, mas suas coisas ainda estão no seu devido lugar. Acabei de abrir a "caverna" dela - um armário no escritório, onde ela guardava todas as bugigangas - e vi tudo igualzinho, do mesmo jeito de sempre. E a lembrança dela gritando e nos puxando pela camiseta toda vez que espiávamos a "caverna" estava ainda tão presente no meu pensamento, que, bem lá no fundo eu esperei que ela ainda pudesse entrar no escritório, naquele momento, agitando os braços e gritando e sorrindo, porque a gente viu toda aquela bagunça acumulada  que ela juntava e escondia da vovó há  tantos anos.
Agora, estou sentada no sofá, bem no lugar que ela sentava todos os dias depois do almoço para tomar café, assistir "Vale a Pena Ver de Novo", esticar as pernas e dar aquela cochilada gostosa.
Mas, o difícil é não pensar nas coisas que ela não terminou de fazer: não terminou de assistir a novela, não pôde usar o colarzinho de panda que eu dei de Portugal pra ela, não ouviu a Bebel balbuciar os primeiros sons, não esperou a festa que a gente ia dar pra quando ela voltasse do hospital. E com direito às suas últimas exigências: pizza do Di e bolo de chocolate com morango da vovó.
Desses 50 anos, dos quais 21 eu participei, eu agradeço por ter me amado primeiro, por ter me ajudado a terminar de pintar meus desenhos, por me dar o melhor cafezinho, por ainda me fazer acreditar na humanidade, tamanha era sua bondade e beleza.
Até pra ir embora a Bina foi comportadinha. Foi no silêncio da noite que era pra deixar todo mundo achando que tinha acordado de um sonho. Um sonho bom que durou 50 anos completos.
E só o que fica é a saudade de ter acordado...

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